terça-feira, 25 de setembro de 2012

Dói... dói mesmo!

Ando há meses para escrever este post. Fui procrastinando, inventando desculpas para não o fazer, porque só a ideia me estilhaça o coração em 1000 pedaços. Este país tem muito talentos escondidos, e a crise que se instalou despertou ainda mais esse nosso lado criativo. Talvez por isso eu tenha notado um aumento exponencial de textos que me enviam a um ritmo quase diário. Há anos que esse ritual se repete, mas ultimamente tem atingido níveis nunca vistos. São histórias para crianças, para adultos. poesia, pequenas prosas, grandes prosas, textos tristes, textos alegres, trava-línguas, lenga-lengas. Muitos são bons, alguns são excelentes, mas todos, todos transpiram a sinceridade de quem os escreveu. A sinceridade e, acima de tudo, a esperança de os ver publicados. Até há bem pouco, tentava lê-los a todos, e respondia a todos os pedidos, de forma personalizada, insuflando os seus autores a não desistirem do sonho, reiterando a minha confiança no poder da sincronicidade e num universo que - ainda acredito - reage a essa energia mística "vulgarmente" conhecida como AMOR.

Confesso que algumas vezes, perante um texto maravilhoso, ainda tentei falar com alguns contactos no sentido de perceber se o mesmo seria publicável (claro que nesses casos, do meu ponto de vista, a resposta a essa pergunta foi sempre positiva, se não nem me daria ao trabalho de tentar), ou se o seu conteúdo estaria de acordo com a estratégia editorial adoptada por uma determinada editora. A resposta foi quase sempre negativa. Mas vi-me obrigado a desistir desta tarefa que, aos poucos, se foi tornando hercúlea e ingrata. E, essencialmente, muito, muito triste. Porque há muita gente a escrever muito bem, com textos inesquecíveis e originais - por vezes a anos-luz de muita coisa que se publica por aí - mas que infelizmente colide violentamente com um mercado que aos poucos se está a fechar, cortesia dos tempos caóticos em que vivemos. Meia dúzia de génios conseguiram finalmente enviar Portugal e os portugueses para as couves. Entrámos em modo de sobrevivência, e o pouco dinheiro que temos é para comprar bens essenciais. E se a cultura já era um luxo antes, o que dizer agora, nestes tempos de austeridade. Se a missão dos génios que nos governaram nas últimas décadas era embrutecer, emburrecer e estupidificar-nos.... parabéns meus lindos! Estão a ter êxito!
As editoras estão a reduzir drasticamente o lançamento para o mercado de novos livros, e quando o fazem, preferem optar por nomes conhecidos, com provas dadas, ou no mínimo, mais sonantes no passeio da fama (o que não é necessariamente sinónimo de qualidade e de sucesso de vendas).

Por tudo isto, e porque respeito e valorizo profundamente um trabalho que é quase sempre feito com um imenso amor, peço encarecidamente que não me enviem mais textos com a firme esperança ou até convicção de que eu possa ser uma mais-valia numa eventual publicação dos mesmos. Infelizmente, e ao contrário do que se possa pensar de alguém que, de alguma forma, está inserido neste mercado (mas que também está a sofrer na pele os efeitos do abrandamento editorial) não tenho qualquer poder sobre a escolha dos textos que são ou não seleccionados pelas editoras. Na verdade, é quase sempre o oposto.... só após um qualquer texto ser seleccionado para ser publicado é que o nome do ilustrador surge.

Claro que poderão continuar a enviar-me as vossas histórias, se assim o desejarem. E eu, deste lado, com um enorme prazer,  continuarei a tentar lê-las a todas. E é mesmo um enorme prazer, e até alguma saudável inveja. Mas é a esperança irreal que depositam na ideia de que eu facilmente conseguirei convencer alguma editora a publicar que me esmaga, e me deixa profundamente frustrado... e os vossos sonhos dizimados.

Lamento. Um dia, quando o nosso país tiver saído deste triste fado, quem sabe se uma pequena editora chamada Pintarriscos não publicará alguns desses textos.

Um muito, muito obrigado.




sexta-feira, 14 de setembro de 2012

A arte é uma arma!

"A arte é uma arma!"
por Paulo Galindro
Acrílico sobre os meus dedos
Setembro de 2012


Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso

Eu não era negro


Em seguida levaram alguns operários

Mas não me importei com isso

Eu também não era operário


Depois prenderam os miseráveis

Mas não me importei com isso

Porque eu não sou miserável


Depois agarraram uns desempregados

Mas como tenho meu emprego

Também não me importei


Agora estão me levando

Mas já é tarde.

Como eu não me importei com ninguém

Ninguém se importa comigo.

Berthold Brecht

Chegou a hora meus amigos, de levantar o nosso rabo comodista do sofá. De sair à rua e gritar a plenos pulmões que nos devolvam os nossos sonhos, e o Amanhã dos nossos filhos.
Chegou a hora de barafustar, de bater o pé, de mostrar ao mundo que afinal não somos patologicamente passivos, e que podem fazer connosco o que quiserem que nada faremos para nos defender.
Chegou a hora de provar a nós mesmos que somos herdeiros dos que embarcaram nas naus, nessa coisa maluca a aparentemente suicida chamada Descobrimentos, e não dos que ficaram em terra a cantar o Fado.
Dizem por aí que manifestações não levam a lado nenhum, que eles são surdos e cegos e insensíveis aos nossos gritos e ao incómodo da nossa presença. Que isto só vai com bombas, mortes, e uma violência desmedida e descontrolada, muitas vezes contra aqueles que tal como nós, são vítimas de um grupo de imbecis que desde há 40 anos para cá procriam e preservam-se mutuamente nos corredores do poder. Talvez tenham razão... mas há um caminho a percorrer até chegarmos a esses patamares de insanidade que por vezes, e infelizmente, são um mal necessário
É certo que sorrirão com os dentes todos quando lhes perguntarem a opinião sobre os crescentes protestos. Será contudo um sorriso falso, forçado. Alegarão que 80 mil pessoas, ou mais, afinal foram apenas alguns parcos milhares. Irão argumentar que esses poucos não passam de um grupo sem significado, e que os verdadeiros portugueses, aqueles que estão estoicamente a aceitar este assassinato colectivo disfarçado de salvação, esses ficarão em casa a aguardar ansiosamente pelo próximo pacote pleno de medidas de austeridade que lhes irá possibilitar a prática de um nobre patriotismo. Será tudo falso, contudo, como tudo o que sai da boca destas pessoas.
Mas sabem de uma coisa? Se 1000 manifestações nada mudarem, ainda assim prefiro 1000 vezes sair à rua, do que ficar com o meu rabo colado ao sofá, a fazer uma revolução virtual no Facebook.

Até amanhã.

E a todos aqueles que em pleno direito decidem não ir, porque por enquanto ainda vivemos numa democracia... a todos vocês desejo-vos um ensolarado sábado.


segunda-feira, 10 de setembro de 2012

O meu site acabou de nascer!





Hoje é um dia muito importante para mim. Consegui finalmente cumprir um velho sonho meu, de ter um site em meu nome, onde possa mostrar de uma forma organizada, simples e clara, todo o trabalho que fui desenvolvendo até hoje, desde o momento em que eu e Natalina pintámos o nosso primeiro mural (em 2001, para o quarto do nosso filho João, 2 semanas antes dele nascer) e eu ilustrei o primeiro livro, "Chiu!" para a editora Bichinho de Conto, editado em 2006. Já perdi a conta do número de ilustrações que já concebi, e na verdade nem interessa muito. Tem sido uma viagem e tanto, e adorei cada minuto, cada segundo dos que passei a ilustrar.

Quanto ao site propriamente dito - www.paulogalindro.com -  foi concebido no programa iWeb da Apple, que de tão básico é à prova de tótós em html, que é o meu caso (bem... mais ou menos... na verdade, este software ainda assim obriga a alguns conhecimentos desta linguagem). É intencionalmente simples, minimal q.b. Não tem coisas a saltitar no ecrã nem letras e banners a piscar em tudo o que é sítio. O meu objectivo foi, acima de tudo, a criação de um sítio silencioso e neutro que permita mostrar sem ruído de fundo todo o meu trabalho.
Está perfeitamente operacional, mas não está terminado. Estou a ultimar a sua tradução em inglês, e a afiná-lo para o SEO, também conhecido como Search Engine Optimization, que não é mais do que um conjunto de procedimentos que visam acima de tudo torná-lo suculento para os principais motores de busca.

Espero que gostem desta minha nova casa virtual. São todos bem vindos!

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Parabéns Skye


Ela era assim...
... depois assim...
... e agora, é assim!

Há dois anos atrás, nascia no Montijo esta criatura linda - Afrodite (*) - que 2 meses depois, já como Skye, mudaria profundamente, e para sempre, a nossa vida. Uma tatuagem de pelo, língua, loucura, amizade incondicional e energia infinita que não deixa indiferente ninguém.

Já aqui tinha feito uma breve descrição sobre esta criatura... que tomarei a liberdade de repetir:


A Skye tem uma bateria interminável;
Gosta muito de fazer jogging comigo;
Gosta de puxar-me a mim e ao meu skate (e acreditem, a velocidade que atingimos mete medo... muito medo!)
Adora jogar ao disco (é impressionante os saltos que dá para abocanhá-lo em pleno voo) e futebol;
Já comeu um comando de televisão e quase a totalidade de uma das pilhas (no dia seguinte as fezes pareciam uma calculadora com as teclas de borracha todas baralhadas), alguns brinquedos dos miúdos e uma embalagem de adoçante;
Adora crianças e pespegar beijinhos aos mais incautos (e quando digo beijinhos, é uma forma muito simpática de falar... na verdade são lambidelas épicas e muito, muito molhadas);
Gosta de correr;
Gosta de correr atrás de praticantes de skate, de patins em linha e também ciclistas (e parece gostar ainda mais daqueles que dizem um bom par de palavrões ao verem a fera correr desalmadamente na sua direcção);
É meiga, melga e marota;
Ás vezes é mais inteligente que um golfinho, outras mais burra que uma galinha careca decapitada (mas isso não me preocupa... eu também sou assim!)
Não é lá muito obediente
e solta gases com discrição (sonora apenas).

Ah! E está linda de morrer!


Parabéns Skye!

(*) Afrodite era de facto, o seu nome de nascimento. Mudámos para Skye, em homenagem à ilha com o mesmo nome, na Escócia, onde a minha promessa de não ter mais cão nenhum após a morte da Ruth começou, aos poucos, a diluir-se, ainda que de uma forma inconsciente. Skye é um bom nome, com duplo sentido, e melhor de tudo, curto. Mas a Skye é tão pinga amor, ternurenta e melga nas manifestações de amor para com os seres humanos em geral, que já várias vezes me perguntei se terá sido uma boa opção não manter o seu nome de origem... Afrodite, a deusa do Amor.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

O Gatuno na revista "Ler"



O gato Gatuno e o extraterrestre trombudo passearam-se pela revista LER

sábado, 1 de setembro de 2012

Um novo livro


Pormenor da Capa


Acabei agora mesmo de ilustrar o meu novo livro, que sairá em Novembro.
Uma vez mais, foi um esforço hercúleo para levar a bom termo uma tarefa que é quase sempre feita à noite e até altas horas da madrugada (aliás, de outra forma não poderia ser ilustrador nos dias que correm). Mas no fim, vale sempre a pena quando a alma não é pequena.

É no combustível deste sentimento que atesto o depósito da minha força de vontade.

As histórias são de António Mota... e mais não digo!

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